Sie befinden Sich nicht im Netzwerk der Universität Paderborn. Der Zugriff auf elektronische Ressourcen ist gegebenenfalls nur via VPN oder Shibboleth (DFN-AAI) möglich. mehr Informationen...
No período de transição da ditadura para a democracia em Portugal a relevância dos órgãos de comunicação social assumiu vários contornos. Foram meios privilegiados de transmissão de informações à opinião pública, mas, simultaneamente, envolveram-se nos acontecimentos, intervindo nas lutas políticas que ocorreram logo após o 25 de Abril de 1974. Não raras vezes, criaram factos políticos e estiveram, eles próprios, no centro de alguns dos mais emblemáticos combates então travados. Deram voz aos principais actores político-militares, criticaram-nos e/ou elogiaram-nos, consoante a fase do processo revolucionário e a linha editorial que defendiam. Tudo aconteceu enquanto os órgãos de comunicação e jornalistas procuravam lidar e adaptar-se a uma nova realidade profissional, propiciada pela liberdade de expressão. Um processo que não foi pacífico, nem isento de contradições, mas que acompanhou as tendências que emergiram na sociedade portuguesa. Nesta investigação, exclusivamente sobre a Imprensa, analisamos o contexto dos jornais e do modo de praticar jornalismo na revolução, olhamos para a situação profissional dos jornalistas e para as mudanças que nela vão ocorrendo, procurando ainda entender as políticas que são apresentadas e aplicadas pelos órgãos de poder às empresas jornalísticas. A partir de então, é possível compreender as circunstâncias em que são criados novos títulos privados de Imprensa, as suas motivações e objectivos. Procuramos relacionar contextos, analisar estratégias e linhas editoriais e interpretar conteúdos. Ao estudarmos os quatro principais periódicos criados em 1975 – Jornal Novo, O Jornal, Tempo e A Luta – deparamo-nos com projectos jornalísticos (com diferenças entre si) que, pretendendo ser uma alternativa à Imprensa então estatizada, foram, sob vários aspectos, inovadores e ousados, não deixando de serem também polémicos, de participarem activamente no curso dos acontecimentos e de se assumirem, inequivocamente, como defensores da legalidade democrática enquanto via política para o futuro do país.