Details

Autor(en) / Beteiligte

• da Cruz, Manuel Braga

Titel

As negociações da Concordata e do Acordo Missionário de 1940

Ist Teil von

• Análise social, 1997-01, Vol.32 (143/144), p.815-845

Ort / Verlag

Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

Erscheinungsjahr

1997

Quelle

EZB Electronic Journals Library

Beschreibungen/Notizen

• A ideia de uma concordata entre Portugal e a Santa Sé começou a ser agitada logo em 1929, mas com reservas por parte de alguns sectores da ditadura militar. Só em 1937, já quando Salazar era ministro dos Negócios Estrangeiros, se iniciaram as negociações, que decorreram em Lisboa e nas quais intervieram o núncio Mons. Ciriacci e o Dr. Mário de Figueiredo, que presidia ao grupo de trabalho para o efeito designado por Salazar. À primeira versão entregue pelo cardeal Cerejeira a Salazar muitas outras se segui-ram até ao texto final. Os principais problemas discutidos foram os do reconhecimento da Igreja pelo Estado e da Acção Católica Portuguesa (que acabou por não ser incluído na Concordata), a questão dos bens de que a Igreja fora expropriada em 1910 e a do casamento e do divórcio. O diferendo acerca dos « casamentos secretos » esteve em risco de fazer malograr as negociações. Com a assinatura desta « concordata de separação e do Acordo Missionário resolvia-se a questão religiosa aberta havia mais de um século. Satisfaziam-se as reivindicações de liberdade de acção da Igreja e retirava-se da cena política nacional o espectro de uma organização política de católicos para pugnar por ela. Por outro lado, aproveitava-se o fenómeno religioso como elemento estabilizador da sociedade e reintegrava-se a nação na linha histórica da sua tradição moral. O Acordo Missionário permitia nacionalizar a missionação, enquadrando-a na mais vasta nacionalização da acção colonial. L'idée d'un concordat entre le Portugal et le Saint Siège commença d'être agitée dès 1929, mais avec des réserves de quelques secteurs de la dictature militaire. Les négociations ne furent entamées qu'en 1937, alors que Salazar était ministre des Affaires étrangères. Elles se déroulèrent à Lisbonne avec la participation de l'ambassadeur du Pape Mgr. Ciriacci et Mário de Figueiredo qui présidait le groupe de travail désigné à cet effet par Salazar. La première version remise par le cardinal Cerejeira à Salazar fut suivie de plusieurs autres jusqu'au texte final. Les principaux problèmes discutés furent ceux de la reconnaissance de l'Église par l'État et de l'Action catholique portugaise (qui finit par ne pas être comprise dans le Concordat), la question des biens dont l'Église avait été expropriée en 1910 et celle du mariage et du divorce. Le différend au sujet des « mariages secrets » faillit faire échouer les négociations. La signature de ce « concordat de séparation » et de l'Accord missionnaire mit un terme au problème de la question religieuse qui existait depuis plus d'un siècle. Les revendications de liberté d'action de l'Église étaient satisfaites et la scène politique nationale se voyait libre de la menace d'une organisation politique de catholiques qui lutteraient pour celle-ci. Par ailleurs, on tirait partie du phénomène religieux en tant qu'élément de stabilisation de la société et on réintégrait la nation dans la ligne historique de sa tradition morale. L'Accord missionnaire permettait de nationaliser l'evangelisation, en l'encadrant dans la plus vaste nationalisation de l'action coloniale. The idea of a concordat between Portugal and the Holy See began to circulate as early as 1929, albeit with reservations on the part of some sectors of the military dictatorship. It was not until 1937, when Solazar was minister for Foreign Affairs, that the negotiations began in Lisbon, with the participation of the papal nuncio, Monsignor Ciriacci, and Mário de Figueiredo, who presided over the work group set up for the purpose by Salazar. The first version delivered by cardinal Cerejeira to Salazar was to be followed by many more until a final version was accepted. The main issues discussed were those of the recognition of the Church by the State and of the Portuguese Catholic Action (which ended up not being included in the Concordat), the question of the assets of which the Church had been divested in 1910 and that of marriage and divorce. The difference of opinion in relation to the « secret marriages » at one point threatened to frustrate the negotiations. The signing of this « concordat of separation » and of the Missionary Agreement saw the resolution of the religious question that had been left unanswered for more than a century. The Church's claims for freedom of action were satisfied and the spectre of a political organisation of catholics fighting for it was withdrawn from the national political stage. Moreover, the religious phenomenon was used as a stabilising element in society and the nation was reintegrated in the historic line of its moral traditions. The Missionary Agreement allowed for the nationalisation of the missionary work, integrating it into the wider framework of the nationalisation of the colonial operations.